sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Linhas.

Meu pêndulo-paixão
vibra na intensidade
da tua pulsação.

Lembro-me sempre
daquela mesa, naquele
bar, naquele bairro.

Naquela noite, raios
fizeram-se visíveis
de dentro do carro.

Todo preto, com vidro
preto e sujo da poeira
acinzentada da cidade.

Do cigarro, o papel
branco faz nova cor,
cheiro, fumaça, resíduo.

A carcaça sendo bebida
por dentro; diluída
nas ideias requebradas.

Quantas linhas seguires,
saibas: na faixa dupla, nessa
estrada, não se ultrapassa.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sãs almas.

Fogem-me as notas como
a fumaça da minha boca,
da minha brasa filtrada
em alvo-papel e espuma
escurecida, mordida, de pouco
em pouco, sob a luz refletida
de mais uma qualquer eletro-fonte.

O horizonte, entrelaçado de edifícios,
antenas, clarões, aviões comerciais,
é limitado pelo breu-censor do fuso
- horário da região - mais um
véu-detalhe do quarteirão já
consagrado pela fama
de suas noites
intermináveis
de som.

O bom
de tudo isso
é que lá estamos
e permaneceremos até
que algum desumano-contrato
nos separe, porém jamais renderemos
nossas mentes ao ofício de se sujeitarem
a desrespeitar o ritmo natural de cada uma
de nossas jovens, inquietas e brilhantes almas.