quarta-feira, 23 de junho de 2010

Der Panther
(Rainer Maria Rilke)

Im Jardin des Plantes, Paris
Sein Blick ist vom Vorübergehn der Stäbe
so müd geworden,dass er nichts mehr hält.
Ihm ist, als ob es tausend Stäbe gäbe
und hinter tausend Stäben keine Welt.

Der weiche Gang geschmeidig starker Schritte,
der sich im allerkleinsten Kreise dreht,
ist wie ein Tanz von Kraft um eine Mitte,
in der betäubt ein grosser Wille steht.

Nur manchmal schiebt der Vorhang der Pupille
sich lautlos auf -. Dann geht ein Bild hinein,
geht durch der Glieder angespannte Stille -
und hört im Herzen auf zu sein.

domingo, 13 de junho de 2010

Culto/cultura.

Deus que me perdoe, mas esse desesperado
culto, inesperado truque,
muito pouca fé reserva
e quase nenhum amor preserva.

Não sou da contracultura,
mas também não sou contra
a sabedoria do que vale a pena,
do que abre a mente
para o que dia-a-dia sentes.

Não caias da cadeira,
apenas entendas a maneira
com que coloco a palavra
e não mudo o foco
do que desejo expor.

Não quero provocar furor;
apenas gostaria de firmar
que só consigo acreditar,
mesmo que a duras penas,
que somente a (pagã) cultura
pode transformar.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ao amigo.

Grito, pois quero
ser ouvido por todos
no quarteirão em que moro;
quero entrar na tua mente,
fazer-te esquecer a canção
que dizia que não deves
exprimir o que sentes.

Só espero conseguir
ser verdadeiro contigo
o tempo todo; como amigo,
é meu dever; dedicar-me
é um imenso prazer
e só o que penso é lutar
para prevalecer o que é.

Se a maré não está boa,
naveguemos juntos
rumo ao porto, seguro
como sempre; é duro
o caminho à tranquilidade
de dias menos frios
e mais fraternos.

Se te escrevo
é pra manter intacto
nosso pacto eterno
de correspondência
e, por isso, conto
com a sua persistência
em fazer valer esse nó.

O objeto

Meu caro amigo, se não faço poemas

é menos por falta de vontade e mais de habilidade

me falta a maestria de buscar palavras

desde as mais simples às mais rebuscadas

que nunca me vêm à mente

quanto menos à ponta de meu lápis

se não publico escritos

é por falta do objeto

reforço que sempre carregarei comigo

o remorso de não escrever contigo