quinta-feira, 29 de julho de 2010

Treze vezes três

fumamos, bebemos, transamos
rimos, choramos e superamos
bebemos, rimos e dormimos
choramos, confiamos e vencemos
confiamos, esquecemos e seguimos
chegamos, fumamos e esquecemos
acordamos, comemos e rimos
comemos, jogamos e bebemos
ligamos, tentamos e perdemos
vivemos, vencemos e continuamos
lutamos, cansamos e trabalhamos
mudamos, combinamos e pagamos
transamos, dormimos e acordamos

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Busca insólita.

Não sei se te busco
ou se deixo tudo
como está; arriscar
fundo, cair no mundo
é loucura, e se me frustro,
toda a ternura que me resta
entrará em extinção.

Será vão este brado
de falso amor; insana,
incerta paixão, mundana
sensação de velhos tempos;
urgente prioridade sem razão
de ser; apostar p'ra perder,
escrever p'ra não ter que ler.

Se, hoje, pareço forte,
é porque tive muita sorte
no percurso; perdi o norte,
por vezes, e lancei mão
de todo o recurso remanescente
dos dias de calmaria, de crescente
sensibilidade, afetividade, serenidade.

Cansa demais ter que amar todo dia;
empenhar carinho pelo que se faz
demanda atenção, aguçada
percepção; o doce sabor da decisão
acertada tem alto valor e curta
duração; não decidi se abuso
da chance de perder o bonde.

Quero correr e não sei
p'ra onde; espero te ver,
e não te incomodes se me sentires
longe de ti, mesmo que a um palmo
de distância; a inconstância nunca
deixou de ser minha marca registrada,
e nessa estrada não existe sinalização.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pânico.

Estou espremido entre a luz
e a escuridão comum aos pobres
de espírito; auto-oprimido,
sou apenas mais um perdido
no visível mundo dos demais.

Sei que sou capaz de tudo;
o aprazível não é o bastante
quando o caminho restante
a ser percorrido é prejudicado
por um roteiro mal-traçado.

Maltrapilho da lógica, nu
de coerência tola, livro-me
de qualquer racionalidade
quando a verdade crua
é a incessante palpitação.

Nenhuma educação me ensinou,
tampouco qualquer tipo de lição
arcaica vai me fazer superar
todo esse vazio verbetes,
lembretes da minha inoperância.

Em meu peito, dói a insegurança
de parecer desesperado por um fio
de conforto moral; suado de medo,
ofegante, tonto, aterrorizado
pelo enorme pânico em minha mente.